A polémica este fim de semana tem sido ao redor das ameaças de Miguel
Relvas, Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, a uma das jornalistas do
jornal Publico, Maria José Oliveira, que tem acompanhado o caso das secretas –
polémica esta que tem suscitado grande debate publico na blogosfera.
Muitos dos comentadores têm-se referido a’ atitude condenável do Sr.
Ministro, referindo que esta foi no mínimo um atentado a democracia e liberdade
de opinião. A grande maioria dos leitores tem manifestado a sua indignação com
a atitude pouco correcta do referido Sr., referindo que uma pessoa com tão
poucos ou nenhuns escrúpulos não devera nem poderá governar um pais
(aparentemente democrata?). Sou, certamente, obrigada a concordar com estes
leitores, pelo conjunto de razoes obvias: violação de um direito básico da
democracia, manipulação dos orgaos de comunicação social; desrespeito pelo
jornal, pela jornalista e, acima de tudo, pelos próprios Portugueses, etc, etc,
etc.
Mas, parecem existir duas cartas fora do baralho.
A primeira, refere-se a’ reacção do próprio jornal Publico. Como ‘e que se
justifica que o jornal venha reagir ao sucedido, dizendo este respeito a uma
das suas editoras, somente depois da estoria ter sido comunicada e debatida com
tamanho fervor noutros jornais e sítios da internet? Porque ‘e que o Publico
decide que este caso foi uma excepção a’ regra de não divulgação das pressões
nos jornais? O Conselho de Redacção do Publico publica um comunicado justificativo
de que a decisão de não publicar a noticia foi única e exclusivamente do jornal
e nada teve a ver com os telefonemas do Sr. Ministro. Então como ‘e que o
Publico justifica os telefonemas que recebeu do Sr. Ministro uma vez que afirma
não ter nada palpável para publicar?
A outra prende-se com a posição tomada pelo Sr. Ministro. Porque ‘e que,
não havendo “matéria publicável” como refere o Publico, o Sr. Ministro resolve
chantagear a dita jornalista com a publicação de informação da vida privada da
mesma? Como não acredito que aquele terá telefonado para desejar um bom dias
aos jornalistas do Publico, sou levada a crer que a jornalista apurou alguma
informação que o Sr. Ministro achou ‘pouco pertinente’ ser publica. Onde ‘e que
o Sr. Ministro obteve a sigilosa informação sobre a vida da jornalista e de que
forma ‘e que essa mesma informação poderia ser prejudicial a’ jornalista caso
fosse publicada? E que parte de uma governação democrata ‘e que este Sr. não
entendeu?
Então, afinal de contas em que ficamos? O ‘Publico’ esta ou não esta
ofendido, tomou ou não tomou uma posição? Ou será que esta a jogar com um pau
de dois bicos? 1) a direcção do Publico ofendida, acusa o Sr. Ministro de ter
ameaçado uma das suas jornalistas, ao mesmo tempo que o desculpa dizendo que o
mesmo já apresentou um pedido de desculpas ao jornal -- portanto, esta tudo
bem, continuamos amigos como dantes?; 2) o Publico que, aparentemente, tinha
algo ‘menos apropriado’ para publicar, e’ ameaçado e não publica por falta de
‘matéria publicável’. Então em que ficamos? Governantes disfarçados de
democratas (?) e um jornal ‘PUBLICO’ (?) muito pouco publico.
6 comentários:
Cara Marta, o teu raciocínio tem algumas falácias!
1. Assumes que por haver pressão (que não é claro que tenha havido ou o teor da mesma) havia algo descoberto. O tal telefonema pode ter sido no sentido de responder ao e-mail que MJO enviou a MR clarificando que o artigo não tinha cabimento e que se fosse publicado teriam de ser aferidas consequências. Parece-me legítimo.
2. Assumes que num jornal as decisões são monolíticas. Não são. A direcção do jornal e o conselho de redacção representam interesses diferentes. O primeiro os interesses do jornal, o segundo os interesses de um grupo corporativo.
3. Que o dito pedido de desculpas era acerca de uma ameaça pessoal (que me parece estranho visto que o telefonema foi feito ao editor e não à jornalista, automaticamente criando uma testemunha) da qual não há provas, e não acerca de um qualquer tom ou expressão menos feliz (Miguel Relvas é conhecido por ser de expressão um pouco bruta).
Nestes casos é preciso ter algum cuidado com a informação que está disponível e a que de facto existe!
Duas clarificações:
1. Se Relvas de facto ameaçou tal e qual como se tem falado então a única saída é a demissão;
2. Se isto é uma reacção exagerada da MJO e/ou Conselho de Redacção, estes devem sofrer consequências também!
Pedro, confesso que ha aqui pontos no teu comentario que não percebo.
1. Se dizes que nao 'e claro que tenha havido pressao, entao sabes algo que eu nao sei, pois baseado no que li tudo indica que houve. Claro que sao artigos de jornais e muitas vezes distorcidos da realidade. Mas então o que me dizes ao comunicado do conselho de redacao do Publico? Segundo este, “Relvas terá dito que “se o jornal publicasse a notícia, enviaria uma queixa à ERC, promoveria um “black out” de todos os ministros em relação ao PÚBLICO e divulgaria, na Internet, dados da vida privada da jornalista. Estas ameaças foram reiteradas num segundo contacto telefónico”. Esta e’ de resto, a razão pela qual o CR resolveu tratar esta questão de forma diferente das outras, associado ao facto de ter vindo de um dos ministros mais importantes do governo.
2. Quanto ao achares legitimo o facto de um Ministro telefonar a um jornal a dizer que se uma noticia sem cabimento (referente ao Ministro) for publicada terao de ser aferidas consequências – não te parece que isto tem um nome? A mim parece-me bem claro que isto ‘e uma ameaça, ou melhor chantagem. Então também achas normal que o Ministro diga que divulgaria na internet dados da vida privada da jornalista? E nesse caso que nome das a isto?
Desde quando ‘e que numa sociedade democrática, políticos ou qualquer outro cidadão, têm o direito de condicionar o que um jornal publica?
1. Sei que a direcção só jornal nada diz acerca de pressão... Apenas a jornalista e o conselho de redacção. O MR. Ter dito que faria uma queixa à ERC e promoveria um blackout parece-me uma reacção razoável à publicação de um artigo que não tinha base factual - de acordo com a direcção do jornal publico. Quanto a revelar dados da vida pessoal da MJO, para além dessa ameaça em si ser um pouco estranha, porque é que o MR a faria a um editor, criando uma testemunha, quando podia fazê-lo à MJO e seria a palavra dela contra a dele?
Não achas estranho o CR, que tem uma agenda, decidir contrariar a direcção do jornal que a a decisão de não publicar antes de qualquer telefonema?
2. Qualquer cidadão ou organismo, privado ou publico, tem o direito de retaliar contra um artigo sem base - de acordo com a direcção era o queo artigo da MJO era. Isso não é chantagem, é um direito.
Quanto à ameaça de divulgação de dados pessoais... Ainda estou para ver provas disso... É que a MJO dizer isso vale pouco, não por ser a MJO a dizer - não a conheço - mas por não ter qualquer forma de provar ou alguem que o confirme de testemunho directo que tal foi dito.
Numa sociedade democrática ninguém tem o direito de condicionar o que um jornal publica, mas este caso não foi nada disso. Quem condicionou a publicação foi a direcção do jornal Publico, a qual considerou que o artigo da MJO nada tinha de interessante para publicar.
1. Pois eu percebi exactamente o contrario: alias, 'e a propria Direccao Editorial que publica na sexta feira a noite uma noticia onde 'e bem clara sobre as pressoes de MR 'a jornalista "Uma jornalista do PÚBLICO que tem acompanhado o caso das secretas foi alvo de uma pressão por parte do ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que a direcção do PÚBLICO considerou inaceitável e que motivou um protesto da direcção do jornal" (Por Direccao Editorial). Se o jornal considerou ou nao violacao da lei, isso 'e outra questao. Mas qto as pressoes parecem estar bem documentadas pela propria direccao.
2. Se a noticia tinha ou no cabimento, nao sei, mas tendo ou nao tendo, 'e o jornalista e direcao do jornal que devem decidir a publicacao ou nao publicacao, e nao outsiders. Dizes que foi o proprio jornal que decidiu. Pois acredito que sim. No entanto, a ordem dos factos e o que condicionou a decisao (ameacas ou falta de conteudo) nao sei. E duvido que se venha a saber.
1. A Direcção do Jornal, previamente a esse texto, não publicou a "notícia" por esta não ter fundamentos. Todas as considerações posteriores são em reacção a isso.
2. A Direcção do Jornal decidiu a não publicação da notícia, antes de qualquer telefonema.
Independentemente de tudo isso vou esperar pelo parecer da ERC para me decidir acerca deste assunto. Prefiro não tirar as conclusões precipitadas baseadas nas respostas corporativistas, em defesa cega do colega jornalista.
Ora ai esta uma coisa com a qual concordo Pedro, lol
e' melhor esperar e ver no que isto da, se e' que da nalguma coisa. Investigacao sem 'equipamento' 'e muito dificil de conduzir e muito menos concluir.
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