Tal como no ano passado um relatório da OCDE sobre os
indicadores da qualidade de vida destaca a grande desigualdade entre homens e
mulheres em Portugal no que diz respeito à partilha das tarefas domésticas! Os
homens em Portugal dedicam 96 minutos por dia a estas tarefas, menos do que a
média da OCDE de 131 minutos, e menos de um terço do que as mulheres portuguesas
que passam 328 minutos por dia em trabalhos domésticos. Ao seja, por cá
os homens não limpam, não cozinham, não fazem a cama, não cuidam das
crianças... são uns inúteis! A dimensão desta desigualdade é bem ilustrada na
figura que incluo (também obtida do mesmo relatório da OCDE). A figura mostra
as horas por dia que são dedicadas ao lazer pelos homens e pelas mulheres nos
vários países da OCDE. A maior assimetria entre sexos é a que se verifica em
Portugal... ao seja enquanto elas tratam da casa, eles coçam-se no sofá e não fazem
nenhum!
Assim não pode ser...! Para dinamizar Portugal, os
homens (com ‘h’ pequeno) vão ter que dinamizar-se e começar a utilizar os
tachos! Para dinamizar Portugal, os homens (com ‘h’ pequeno) vão ter que
começar a utilizar a máquina de lavar! Para dinamizar Portugal, os homens (com
‘h’ pequeno) vão ter que começar a utilizar o aspirador!
É provável que combater estas desigualdades tenha
um impacto sobre o bem estar das famílias portuguesas e implique benefícios
económicos bem mais importantes do que os produzidos pelas várias reformas
estruturais sempre apontadas como essenciais. E esta reforma não requer
legislação nem controvérsias parlamentares. Esta começa em casa... basta que
eles se levantem do sofá...
Paulo S Monteiro
(comentários bem vindos)
3 comentários:
Grande Artigo Paulo!
Parabéns!
Paulo,
Duas perguntas ficaram-me na cabeça:
O estudo faz alguma análise parcelar a faixas etárias?
Tenho a impressão, e nada mais é que isso, que se olharmos para isto com uma desagregação etária vais ter resultados interessantes acerca das mais jovens em Portugal. Não esquecer que casais com mais de 50 anos têm uma atitude completamente diferente (em Portugal) dos mais novos.
Que tipo de controlo fazem para a questão das empregadas domésticas (em Portugal há mais domésticas que na Alemanha)?
Se não fazem então o estudo vale o que vale! Se retirarmos todo o trabalho que é feito por domésticas/domésticos o resultado é o mesmo?
Apesar de considerar mais do que normal a conclusão do estudo, não posso deixar de notar que existem três "Portugais". Primeiro o Portugal conservador, ainda muito influenciado pelos ideais ultrapassados da família do tempo da outra senhora (casais mais velhos); Segundo o Portugal Abrileiro, com o ideal anti-conservador, que resultou na libertação de vários aspectos (divórcios, arreligiosos, etc); Terceiro o Portugal dos Europeus, das pessoas como tu e eu que nasceram num país mais cosmopolito e nunca experimentaram qualquer réstia da ditadura conservadora. Cada um destes "Portugais" vai ter um resultado nesse estudo diferente… desconfio!
Concluindo:
Percebo a tua ideia, no entanto parece-me que essa dinamização dos homens, e consequente libertação das mulheres, estará em franca marcha e é apenas uma questão geracional… isto assumindo que o estudo não criou controlos para nada disto! :)
Obrigado Nuno.
Pedro: Obviamente dependerá das faixas etárias, no entanto dizer que "burro velho não aprende" não basta. Já agora, anedóticamente, noto que mesmo entre a nossa geração e entre a malta universitária, piadas do género "o lugar delas é na cozinha" é ainda muito frequente e prometo-te que este tipo de piadinhas de mau gosto são simplesmente intoleráveis em qualquer país do norte da Europa...
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