quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Duas hipóteses radicais para desenvolvimento de Portugal

Há cerca de um ano atrás dizia-me um amigo que o problema de Portugal só poderia ser resolvido com uma de hipóteses: Uma catástrofe natural ou uma revolução a sério (ele considerava que o 25 de Abril tinha sido uma revolução oligarca que não partiu do povo mas sim de grupos de interesse que dela beneficiaram económico-socialmente).


Não partilhando totalmente dessa posição, devo dizer que compreendo essa conclusão lógica pelo emaranhado jurídico-económico em que o país está envolto. São muitas leis cirurgicamente mal construídas, muitos lobys em acção, cidadãos pouco participativos na construção pública do país e um conjunto de politicas implementadas com a força das marés (ora num sentido, ora no seu revés).

O recente fenómeno meteorológico registado nos concelhos de Silves e de Lagoa foi demonstrativo de uma mutação do comportamento social mediano. Num ápice e após um apelo das edilidades, centenas de pessoas apareceram voluntariamente nas ruas com vontade de ajudar num esforço colectivo para minimização ou limpeza dos estragos. Esta motivação social pública e organizada em prol de um objectivo comum não existe em regra mas surge em ocasiões muito específicas como por exemplo nos incêndios em períodos de Verão, nas inundações da Madeira, nas manifestações pela libertação de Timor…

Não é fácil explicar porque é que os cidadãos não têm semelhante comportamento de grupo no seu quotidiano ou no que toca à resolução dos problemas do país mas talvez suceda porque ainda nenhum líder conseguiu obter dos cidadãos o que melhor têm de si.
Mas ainda sobre esse fenómeno, devo dizer que não compreendi as declarações do primeiro ministro que colocou em causa o Ministro da Administração Interna por este não ter indicado qual o valor dos apoios governamentais.
Mesmo que haja problemas no seio do Governo (e certamente haverá), não foi a ocasião nem a forma correcta de reagir face a uma intempérie cujos custos não estavam identificados nem avaliados. Mas o pior foi ter veiculado uma falta de lealdade institucional quando o valor social mais nobre seria a união de esforços para resolver o problema e recuperar os prejuízos! O populismo de anunciar mundos e fundos para a comunicação social e depois não cumprir o prometido não fez nenhuma falta e pareceu-me até uma excelente posição politica do ministro em causa!

Mesmo quando as pessoas se unem e não atiram culpas ao Governo pelos seus problemas, os políticos parecem não compreender os sinais e aproveitam para colocar na praça pública divisões e conflitos que apenas prejudicam a própria sociedade que têm missão de governar com eficiência.

Ou seja, o meu amigo cometeu um erro de análise quando me deu duas soluções de progressão para o país. É que, se existisse uma lamentável catástrofe natural (esperemos sinceramente que não suceda) e se mantivéssemos a classe politica, provavelmente teríamos a mesma força de bloqueio no desenvolvimento do país!

Precisamos de uma terceira via, obviamente democrática, que apresente uma nova ordem económica e que garanta um país mais desenvolvido e coeso!

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