sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Mas de leninistas-trotskistas-maoistas... que mais se pode esperar?


As parecenças entre um bloquista e um fundamentalista religioso, são muitas. Não é algo individual. É parte do ADN de todos os fundamentalistas.

Um fundamentalista religioso olha para não-crentes e diz: Como podem estas pessoas ser morais sem medo do Senhor? O que é que os controla se não acreditam no Senhor?

Um bloquista olha para um democrata liberal e pensa: Como pode ter esta pessoa lealdade a mais do que ao seu dinheiro? Como é que é possível, na sua posição de capitalistas, não serem controlados pelo capital? Como é que podem ser morais se são só leais ao capital?

Ambos demonstram uma falha moral incrível, bem como incapacidade de introspecção... implicitamente assumem que eles próprios, sem o Senhor ou com Dinheiro, deixariam de ser morais... inevitavelmente!

Numa notícia do Economico Ana Drago, conhecida bloquista, acusa Lobo Xavier de estar ao serviço do grande capital... e como prova disso mostra o facto deste oferecer o seu serviço pro-bono! Fantástico raciocínio circular, mas tudo bem! 
Tal como a notícia começa quase parecia que Ana Drago dizia apenas que existe um conflito de interesses. Se fosse só isso e até estaria inclinado a pensar que pode existir qualquer coisa! É que LX está de facto em algumas administrações de grandes empresas portuguesas. É um facto! E é este facto, bem como o resto da sua carreira, que o qualificam para a função, mas também cria algumas questões delicadas.

Ora é público que LX está nessas administrações. Também é pública a posição de LX acerca deste imposto específico, como político de direita que é. Também é público que o Governo considera uma simplificação do IRC e sua redução como necessária. Até aqui tudo bem para o "Grande Capital"... não parece haver grande necessidade para controlo de nada, certo?
Se estes fossem os argumentos de Ana Drago e os seus minions bloquistas, eu até percebia! Tem um racional, uma linha coerente. Há uma discordância ideológica entre LX e AD. Tudo bem.

Não contente com isto, AD faz o que qualquer fundamentalista religioso faz, um ataque pessoal: “apreciamos o dom da ubiquidade do dr. Lobo Xavier, que está em todos estes conselhos de administração e, simpaticamente, ainda tem a generosidade de fazer e de estar a presidir a esta mesma comissão (...). E quando nos dizem que o dr. Lobo Xavier faz tudo isto de graça, pro bono, compreendemos bem porquê, porque está de facto a representar os interesses que não são os do país, os de todos os contribuintes, os interesses do Estado" – no Económico.

É um ataque baixo, ao estilo “não conseguimos atacar as ideias, vamos atacar a pessoa”. Mas de leninistas-trotskistas-maoistas... tudo ideologias fascistas e propagandistas... que mais se pode esperar?

17 comentários:

V. disse...

"implicitamente assumem que eles próprios, sem o Senhor ou com Dinheiro, deixariam de ser morais". Pedro, discutimos isto no jantar do blog. Disse eu que, infelizmente, os portugueses funcionam numa base de crime-e-castigo (porventura, outras nacionalidades serão iguaizinhas, mas eu limito-me ao que conheço). A existência de radares na 2ª circular é a prova disso; e é uma prova que, lamentavelmente, institucionaliza esta forma de estar. As pessoas não são educadas para agir correctamente não obstante as consequências. Quando uma mãe repreende a filha pequena por estar a tirar um perfume dizendo-lhe "olha que está ali o polícia e ele prende-te" está a transmitir-lhe implicitamente a ideia de que tirar algo que não nos pertence só é errado se existir a possibilidade de sermos confrontados com o acto.
Uma das características que me parece mais marcada nos militantes de esquerda é a de se acharem os donos exclusivos da bondade. O que é estranho, porque, não existindo propriedade privada, não há lugar para o altruísmo e para a solidariedade... Quando os ouço discursar, sou imediatamente remetida para o universo de Charles Dickens e para o mundo dos primórdios da Revolução Industrial. Curiosamente (?!), as suas descrições são muito mais consentâneas com uma fábrica da China (que é um país que tem o regime que todos sabemos).

José Lapalice disse...

Presidir a uma comissão para sugerir alterações ao IRC numa base pró-bono das duas uma: ou não é trabalho nenhum ou então vai receber a sua gratificação à posteriori. Quem não acreditar em nenhuma desta duas hipóteses só pode andar a comer gelados com a testa.

Como disse e bem Daniel Oliveira, porque não colocar o Arménio Carlos a presidir a uma comissão para reformar as leis laborais?

Pedro Antunes disse...

Lapalice,

Parece-me que tens uma visão demasiado cínica da vida! Por outro lado talvez seja um pouco simplista essa tua análise do que são os benefícios... um pouco como a Ana Drago!

Uma pessoa como o ALX ganha sempre em presidir a esta comissão. Não são ganho financeiros. São ganhos de exposição. Isso não significa qualquer processo automático de compensação versus prestação! Só estar lá o expõe para coisas futuras. isto nada tem de mal e é equivalente à pertença da AD em tantas comissões parlamentares.

Apesar de todos os absurdos que diz AD, é razoável assumir que ela quer o bem do país... podemos é não concordar com a metodologia - curiosamente baseada na ideologia que mais matou e estropiou no mundo.

Porque é que com os liberais não se dá o mesmo benefício da dúvida, que ainda por cima seguem uma ideologia de maximização da liberdade?

O problema do teu raciocínio é que revela mais acerca do que farias no lugar dele do que propriamente qualquer indício real de um favorecimento que ele tenha.

José Lapalice disse...

Deixemos Estaline e Mao de fora da análise da coisa.

Já diz o povo que o barato sai caro. Ou a variante económica: não há almoços grátis.

Catroga, Teixeira Pinto, Braga de Macedo são só os exemplos mais recentes de pessoas que fizeram trabalho pró-bono para este PSD. E que agora não estão só a ter ganhos de exposição.

O problema do teu raciocínio é que revela conheceres provavelmente muito pouco da política portuguesa.

Ps: liberais? quais são os liberais que estão no governo?

José Lapalice disse...

São benefícios da dúvida que permitiram que Ferreira do Amaral fosse de Ministro das Obras Públicas para administrador da Lusoponte. Idem para o Jorge Coelho. Situação similar com Almerindo Marques.

O tempo não pode ser o melhor juiz sobre se há ou não um conflito de interesses. E na dúvida se uma pessoa tem ou não um conflito de interesses, deve-se escolher outra pessoa. Ter uma administrador de pelo menos duas das maiores empresas portuguesas e ainda de um dos maiores bancos a preparar bases para legislação fiscal para empresas, é muito mais do que um indício de que pode haver conflito de interesses. É um sinal que pode ser visto do espaço.

Pedro Antunes disse...

Lapalice,

O problema o teu raciocínio é que atacas as pessoas e não os argumentos.

Se alguém é nomeado para algo com total transparência sobre a sua opinião acerca do assunto, não é conflito de interesses, é uma direcção política!

Quem é que nomearias para a mesma posição que:
1- Perceba do que é a vida de uma empresa;
2- Seja coerente com a vontade política e legítima do Governo de reformar o IRC;
3- Que a sua posição sobre o assunto seja tão conhecida que poucas dúvidas haja acerca do assunto;
4- Seja relativamente independente do partido a que pertence.

Os nomes que colocas são uma absurdidade. Jorge Coelho - e uso-o como exemplo por ser alguém que eu já muito critiquei - foi para a ME 7 anos depois de deixar o cargo de Ministro. Ferreira do Amaral - para não ficar só pelo PS - foi ministro até 1995. 12 anos depois estava do lado da Lusoponte.

Se isso para ti é conflito de interesses então a discussão terminou porque não tens verdadeira noção da dimensão do nosso país.

Quanto aos liberais do Governo, terás de perguntar ao Governo... não fazendo parte dele, nem achando que estão a fazer tudo o que podiam, sinto-me muito confortável em o defender naquilo em que concordo e em criticar aquilo em que discordo.

Pedro Antunes disse...

Já agora, é a presunção da inocência (aka benefício da dúvida) que te permite viver em democracia e não num estado fascista como o BE e PCP querem!

Pedro Antunes disse...

Correcção... no fundo eles não querem, que eu até aceito que alguns deles acham mesmo que o sistema comunista é bom, mas era o resultado prático.

José Lapalice disse...

A discussão não tem mesmo pernas para andar.

Em todo o caso, 2 pontos:
1- não nomeava ninguém fora do governo para preparar alterações ao código do IRC. é uma pouca vergonha que o governo seja um orgão que subcontrata tudo e mais alguma coisa a consultores, escritorios de advogados ou beneméritos ilustres que fazem as coisas pro-bono. Serão todos incapazes no Estado, que seja impossível encontrar fiscalistas capazes?

2- sobre o Jorge Coelho, ao fim de quanto tempo o secretário de estado dele foi para administrador da Mota? Sobre o Ferreira do Amaral, com a "negociação" que ele fez e os lucros que deu à Lusoponte, só um cego não percebe o que se passou. E isto não é atacar pessoas, mas sim atacar factos.

Nota: Benefício da dúvida quando mete banca e construção tem um impacto muito grande nos bolsos dos portugueses.

José Lapalice disse...

Se o Ferreira do Amaral tivesse sido, como devia, preso por aquilo que fez, talvez o descalabro das auto-estradas não fosse hoje aquilo que é.

Pedro Antunes disse...

1. Estamos de acordo mas aí mantém-se a questão de quem cumpre os 4 pontos na mesma. Eu quase apostaria que se isto fosse feito por alguém do Governo estarias aqui a escrever que isso é que era a vergonha.

2. Do alto do teu pedestal podes então enumerar os "factos"?

Nota: O benefício da dúvida, ou presunção da inocência, é o que separa um democrata de um déspota.

José Lapalice disse...

1- a tua capacidade para fazeres apostas sobre o que eu diria ou não nessa situação é algo que desconheço, mas pode ser que seja válida. se o Governo não serve para fazer leis sobre impostos, então é porque não serve para nada. e de onde vem a ideia de que leis sobre impostos devem ser independentes de um partido?

2- a informação sobre a lusoponte, é facilmente encontrada. por exemplo neste artigo fica um lamiré: http://www.ionline.pt/dinheiro/lusoponte-grande-aspirador-financeiro

dos quais destaco:
" Grosso modo a Ponte Vasco da Gama custou quase 900 milhões de euros...
Do qual apenas cerca de 25% foi investimento feito pelos privados...
JCF– Nem isso.
AR –No site da insuspeita Lusoponte pode-se aceder aos dados de financiamento inicial e a um cenário de refinanciamento que ocorreu no ano 2000.
JCF – E os dados são claros: 30% fundo de coesão, 25% Banco Europeu de Investimento (BEI), 11% por bancos comerciais, 5% pelas portagens da 25 de Abril, 6% pelos accionistas e 29% por outros.

ou

" Quando o Estado fez a concessão da Ponte Vasco da Gama não havia lei para a regulamentar?
AR – Só ao fim de 11 anos é que apareceu a lei para regular as PPP. "

Para quem gostar de videos, está aqui uma explicação sumária: http://www.youtube.com/watch?v=pqjlTT2kf4A

Não é preciso estar ou não num pedestal para estar informado sobre isto.

Pedro Antunes disse...

1. Não percebeste o que eu escrevi.

2. Em todos os dados que destacas é interessante ver que a timeline não se coaduna com qualquer acto ilícito de ferreira do amaral (1995 o contrato fazia sentido; 2001 ainda não estava na Lusoponte, salvo erro). Aliás, no artigo, que mostra um argumentário minimamente sério, nem referem nomes... já no vídeo se entra na atitude pidesca do "eu acuso, logo ele tem de justificar". Estranho que pessoas com experiência em obras públicas vão para empresas que as fizeram... muito estranho! :P

Não é preciso estar num pedestal para estar informado, mas é preciso achar-se estar num pedestal para enxovalhar nomes sem provas. Insinuação é fácil, barata e sinal de incompreensão do que é viver em democracia.

José Lapalice disse...

http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/9015/1/EduardoJoaoBVCP_Thesis_04072012.pdf

Páginas 25, 26 e 27.

" The final analysis of the concession is greatly tipped toward the private party. The current risk
allocation leaves Lusoponte to manage the risk of Exploration, Quality and Insurance on its own and share the risk of Demand and Financing with the government."

Pedro Antunes disse...

Pág. 25:
The initial funding of the project had no participation of the government, it was structured solely
with Cohesion funds (EU) and private funds. (Foi o Ferreira do Amaral que negociou isto, certo?)

Curiosamente nada nesta tese fala de corrupção ou culpabiliza FA!

Que provas tens tu para andar a enxovalhar o nome de quem quer que seja?

E sabes uma coisa Lapalice, alguns dos nomes que citaste até podem ser corruptos, tu é que não tens qualquer dado que o corrobore. E isso coloca a tua argumentação ao mesmo nível que a do BE.

José Lapalice disse...

Um contrato que permite tantas alterações a favor dos privados é culpa de quem o assinou. E quem fez os primeiros contratos com a Lusoponte foi Ferreira do Amaral. De que serve um contrato que diz uma coisa, se é feito de tal maneira que foi sendo constantemente alterado em ainda maior benefício dos privados?

A Cândida Almeida também diz que os políticos em Portugal não são corruptos. É triste saber que ela não está sozinha nesta opinião. E por aqui termino as minhas palavras.

Pedro Antunes disse...

um contrato permite todas as alterações que se quiser, desde que acordado pelas partes... em 2001, quando as alterações foram feitas, onde estava Ferreira do Amaral?

Os políticos, generalizando, não são corruptos. Isso não nega que haja políticos corruptos.