sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Não foi neste Cavaco que votei!


Admito. Votei em Cavaco Silva. Até participei num dos seus jantares de apoio nesta recandidatura. Por um lado não havia alternativa, o que por si só justificava o meu voto, por outro lado acreditei que neste seu último mandato ele ia ser o “Cavaco” das lendas, o que justificava a minha presença no seu jantar de apoio.

Sempre tive o máximo respeito por Cavaco Silva. Não que ele fosse o anti-político de que se autointitulou. Não que concordasse com todas as posições por ele defendidas. Mas sempre me pareceu coerente e racional nas suas posições... umas vezes mais que outras. E sinceramente acreditei que, sendo o seu último mandato, ele iria colocar alguma ordem na política portuguesa.

Depois ele foi eleito. Depois ele fez um discurso de tomada de posse. E depois começou a tentar governar!

É verdade que já havia sinais disso no primeiro mandato, mas a “crença” toldou-me a racionalidade.

OE2013

No pedido de fiscalização à constitucionalidade do OE2013 e de acordo com o publicado pelo Sol e hoje retomado pelo Público, Cavaco Silva escreve que “[o Governo] mantém um tratamento diferenciado para os trabalhadores do sector público”, que “um qualquer ‘estado de necessidade’ financeiro ou fiscal não parece autorizar a criação de ‘impostos de classe’ portadores de um esforço fiscal desigualitário ou excessivo face das demais categorias de cidadãos”.
Ora ao mesmo tempo que diz que não se pode segmentar em classes, fala nas “categorias” de cidadãos! Que eu saiba, na constituição, só há uma categoria de cidadão – artigo 4º da constituição!
Também é incrível que, uma pessoa com a inteligência de Cavaco, venha dizer que “desigualdade nos direitos tudo bem, mas na carga de impostos... isso é que não”.

Claro que se Cavaco defendesse uma taxa de impostos única, já era aceitável vir falar em “imposto de classe”. Ou para Cavaco uns serem taxados a mais de 50% e outros a 14% é “tratamento igual”?

Mas afinal o que quer Cavaco? O cumprimento exemplar do artigo 13º da constituição?
Então venha o flat-tax e a possibilidade de despedir funcionários públicos com as mesmas regras que um privado.

Fica-se com a sensação que Cavaco Silva PR não é o que prometia! Não foi neste Cavaco que votei!

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