sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Os ministros da economia e das finanças podem entender-se?


A redução da atual taxa de IRC para todas as empresas ou, numa medida de aplicação mais restrita, apenas para as empresas que façam investimentos, é uma forma de tornar este imposto num imposto mais competitivo e de promover o investimento. Aliás, o ministro da economia anunciou a intenção de, dentro de 5 a 6 anos, haver uma taxa de IRC bastante mais competitiva (e só não conseguiu fazer vingar a sua intenção de uma redução imediata do IRC porque terá tido a oposição do ministro das finanças).

Mas, se assim é, porque não começar já, de uma forma vinculativa, a garantir às empresas (que façam investimentos) uma redução de IRC a aplicar a partir do 3º ano (por exemplo) após a realização do investimento? Isto é, uma espécie de crédito fiscal a recuperar a partir do 3º ano.

O anúncio de meras intenções de redução da taxa de IRC, dentro de 5 a 6 anos, terá um impacto negligenciável nas intenções atuais de investimento. Mas não será necessário proceder já a uma redução de IRC, para que se promova o investimento. Bastará uma garantia às empresas, que seja vinculativa, que beneficiarão de uma taxa de IRC mais baixa a partir do 3º ano após o investimento.

Talvez desta forma os dois ministros – da economia e das finanças – se consigam entender.

2 comentários:

Paulo Santos Monteiro disse...

Olá Paulo,

Óptima proposta!

Uma promessa de IRC reduzido para novos investimentos, pode ajudar a estimular a economia, sem reduzir hoje a receita fiscal. Parece-me uma bela ideia, capaz de fazer com que o ministro da economia e o das finanças se entendam.

Mas também acho que, sobretudo para as PMEs, o maior obstáculo ao investimento são muitas vezes as restrições creditícias. Portanto, para as PMEs acho que o perfil temporal óptimo pode até ser o inverso: reduzir hoje a taxa de imposto, aumentando a disponibilidade financeira das empresas para investir, e talvez aumentar no futuro...

Que tal políticas fiscais diferentes para as PMEs e as grandes empresas, será constitucional...? :)

Pedro Antunes disse...

Paulo,

Discordo que não é necessário proceder já a uma redução de IRC para promover investimento. O Estado português não é credível a 2 anos, quanto mais a 5.

Antes de dar garantias para além do mandado do governo em exercício, o mesmo governo tem de mostrar que é capaz de promover estabilidade fiscal. Uma medida imediata de redução de IRC, mas com um mapa de redução pré-definido a começar daqui X anos, diz pouco ou nada a um investidor.
Já a aprovação de IRC a 10% (ou outra qualquer redução) no imediato mostra comprometimento... especialmente se minado de forma a ser complexo a sua alteração.

Já o chamado "desentendimento" entre ministérios das finanças e da economia faz todo o sentido. São organismos diferentes com objectivos diferentes, com interesses diferentes e com focos diferentes... claro que não se vão entender!! E em tempo de crise as Finanças ganham quase sempre (para bem e para mal).

No dia em que Finanças e Economia se entenderem... algo está mal! São dois animais diferentes para ser geridos pelo PM.