Foram apresentadas há pouco as quatro condições que o PSD acha que chegam para viabilizar (através da abstenção) a proposta de orçamento do PS. Citando o DN, são elas: “assegurar a transparência das contas públicas, garantir maior equidade na distribuição dos sacrifícios com maior corte na despesa do Estado, canalizar as poupanças para diminuir o agravamento fiscal e cancelar as parcerias público-privadas dos encargos com grandes empreendimentos”
Quanto à primeira, é simplesmente impossível de obter sem no mínimo se fazer um orçamento de base zero. A segunda e a terceira são generalistas, e podem ser interpretadas de inúmeras formas. Sobre a última, do cancelamento das parcerias público-privadas, a meu ver elas serão de facto canceladas pela simples razão que não há bancos estrangeiros dispostos a financiá-las.
Mas para um partido como o PSD, que diz que o orçamento é mau, não tem estratégia nenhuma de crescimento para o país, não se foca em implementar mudanças estruturais e por aí adiante, à excepção da proposta de cancelamento (que na minha opinião devia ser proibição) de parcerias público privadas para infra-estruturas não vejo nas outras três propostas nada de estratégico.
Acaso estivessem de facto interessados em propor mudanças estratégicas profundas, infelizmente o cardápio das situações de desperdício é grande:
- excesso de instituições públicas (freguesias, municípios, institutos, fundações) onde se poderia gizar um plano ambicioso para redução de funcionários públicos, e não apenas mudar alguns de um sítio para o outro;
- as progressões automáticas de carreira que deviam ser extensivamente revistas e reduzido o seu âmbito;
- a acumulação de reformas e pior, pessoas que acumulam reformas e ainda trabalham;
- rendimentos mínimos e afins a pessoas que não querem trabalhar;
- mudanças na legislação laboral, de modo a torná-lo mais flexível;
- edifícios do Estado que estão devolutos e/ou sem uso que poderiam ser vendidos;
- etc, etc, etc....
É mesmo óbvio que Sócrates e Passos Coelho se assemelham bastante, à sua maneira, aos Dupont e Dupond. Ambos começaram na JSD desde cedo. Ambos adquiriram o canudo da licenciatura por volta dos 35 anos. Ambos viveram a maior parte da vida útil à custa da política. Ambos têm cerca de 50 anos, são elegantes e vestem bem. E ambos querem manter o status quo que leva Portugal alegremente para uma Argentinização da economia e da sociedade. E a farsa sobre o desentendimento entre eles continua....
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