Quando tanto se fala tanto de que os jovens portugueses devem emigrar, alargar os seus horizontes, não resisto a partilhar este artigo, que relata a experiência de uma doutorada em engenharia e física médica e o seu regresso a Portugal. Em suma o artigo pode ser resumido da seguinte forma:
- estudante de doutoramento em Biofísica na Universidade de Lisboa decide fazer as suas pesquisas nos EUA;
- fez investigação de elevada qualidade, durante 7 ou 8 anos sendo grande parte dela ligada a engenharia e física médicas no Departamento de Ciências de Saúde e Tecnologia de Harvard-MIT;
- depois de terminar o seu Doutoramento nos EUA, ainda por lá ficou um pouco mais em postdoc, mas razões familiares levaram-na a regressar a Portugal;
- regressada a Portugal verificou que investigação na área dela pura e simplesmente não existia. Tentou candidatar-se às escassas posições que vão surgindo para dar aulas em universidade, mas de acordo com as múltiplas regras que todos imaginamos legítimas (para aqueles que querem perpetuar os seus postos) quanto às condições de elegibilidade, era desde logo excluida. Citando-a “…tinha um Ph. D. que ninguém tinha em Portugal, mas…isso não contava para nada..”;
- Como não era uma inútil mental e há que pagar as contas, desde 2007 que trabalha na Mckinsey, em consultoria de banca e media.
As conclusões que se podem tirar deste relato são muitas, mas eu aponto agora apenas uma. Tivesse a Francisca sido menos ambiciosa, ficado a fazer o seu doutoramento sossegadinha em Portugal, perto dos professores que com uma boa dose de lambe-botismo depois lhe conseguiriam “arranjar” um lugarzinho num sítio, talvez hoje estivesse a trabalhar em ciências. Mas não, ela teimou em emigrar, pensando que lá por ir ter muito melhor formação nos EUA, fazer investigação de maior qualidade, isso lhe poderia dar mais-valias num futuro regresso a Portugal. Crasso erro Francisca. Em Portugal os trabalhos conseguem-se não pelo mérito, experiência ou resultados, mas sim por se ser capaz de ter uma boa rede de malta amiga, manter contacto com os colegas de infância, de conhecer pessoal no ginásio ou numa discoteca, que possa depois meter uma cunha para conseguir um empregozinho certinho. A meritocracia ainda não chegou…..e nem se prevê que chegue tão cedo a Portugal.
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