terça-feira, 12 de outubro de 2010

Falta-nos indústria!

Sem indústria não temos emprego!
Sem indústria tem de ser o Estado a dar emprego aos cidadãos!
Sem indústria a Administração Pública tem de dar trabalho às (poucas) empresas existentes.
Sem indústria a receita fiscal é menor!
Sem indústria predominam os subsídios de desemprego e os rendimentos mínimos!
Sem indústria não conseguimos evitar o deficit da balança comercial!
Sem indústria temos de importar compulsivamente!
Sem indústria, a divida pública continuará a aumentar até à bancarrota do país!
(…)
Não há volta a dar. Desde os Descobrimentos que preferimos importar e consumir em detrimento de produzir. E os subsídios da União Europeia vieram agravar esse comportamento!
Ficamos felizes por termos captado uma Auto-Europa, por termos um Algarve, por temos liderado os Descobrimentos há 500 anos atrás e por termos entrado na União Europeia mas não temos estratégia de futuro! Precisávamos de (pelo menos) 10 Auto-Europas, 5 Algarves e 20 Governantes que percebessem a importância desta problemática! Continuamos sem ter uma indústria sustentável que possa inverter os grandes problemas que deram e continuarão a dar origem ao deficit público!
Temos de produzir, criar riqueza, transformar matérias-primas, gerar mais-valias e dinamizar a economia! A revolução industrial ocorreu no século XIX e mudou o mundo. Em Portugal todos querem enfrentar a Globalização que ocorre quase 2 séculos depois mas sem termos efectuado a nossa própria Revolução Industrial! Queremos começar a edificar a casa pelo telhado sem termos construído os pilares de suporte. Por isso, quando existe qualquer “tremor de terra”, adeus telhado e lá temos de pagar todos com aumentos de impostos as ineficácias da falta de estratégia nacional!

6 comentários:

Carlos Alcobia disse...

Sabes Nuno, o problema já deixou de estar do lado da produçao mas sim do lado da procura. no fundo a procura é que agora decide como a produçao se irá comportar e isso é um dos reflexos do incremento dos fluxos comunicativos e financeiros do que tu chamas globalizaçao. Assim não podes marcar a diferença apenas por apostar no incremento da produçao quando as pessoas podem optar por comprar aqui ao lado na Espanha por um preço mais baixo ou na Alemanha porque têm um percepção de melhor qualidade relativamente aos produtos alemães. A produção e o aparelho produtivo terá que se adoptar aos ritmos de consumo, acompanhar de forma mais eficiente as mudanças de tendência e apostar mais em atingir essa flexibilidade e uma maior ligação ao sector dos serviços que ajuda nessa mediação. Pensa no facebook: afinal a publicidade serve para estimular a procura ou para estimular a produçao? Abr. Carlos Alcobia

Nuno Vaz da Silva disse...

Carlos, concordo contigo mas independentemente de quem manda no mercado, é sempre necessário produzir. As pessoas continuam a consumir, a necessitar de produtos, serviços e de utensilios que melhorem a sua qualidade de vida.
A indústria será sempre necessária porque ninguém vive apenas do ar e as populações mundiais deixaram de ser auto-suficientes.
Concordo que a produção se tem de adaptar à procura mas se tivermos mais procura (que é o nosso caso) do que produção entramos num ciclo vicioso que continuará a originar maiores déficits e uma divida pública insustentável.

José La Palice disse...

Deixando para trás o miserável passado, e a nossa completa ausência de participação durante a Revolução Industrial, concretamente, quais são as razões que podem levar uma indústria a desenvolver-se/instalar-se em Portugal?
- Engenheiros qualificados e que consigam ser apoiados para fazer investigação??? Temos um défice brutal nesta área e acho que nem os indianos quererão vir para Portugal
- Técnicos qualificados? De novo falta escolas em número suficiente e pessoas capazes de ensinar
- Mão de obra barata? Muitos países do Leste (ainda) têm salários muito mais baixos.
- Energia barata? Não temos de todo isso.

Convenhamos uma coisa: criar as condições para ter um sector industrial forte levam tempo, muito tempo. E gastar dinheiro em educação e investigação. Ora, com a falta de estratégia e investimento do Governo, a não suficiente ligação das Universidades com as empresas, etc, etc....as únicas "indústrias" que se vão conseguindo atrair são coisas tipo Auto-Europa, que é uma fábrica de montagem, que na verdade é um dos maiores exportadores de Portugal, mas também é um dos maiores importadores, e cujos maiores incentivos a estabelecerem-se em Portugal passam pelos incentivos fiscais dados.
Empresas como uma Vestas na Dinamarca não surgiram de um dia para o outro. Ou uma Nokia. Ou Ericsson. Também na indústria, querer fazer omeletes sem ter ovos se prova uma impossibilidade

Carlos Alcobia disse...

Nuno, o problema não é a quantidade da procura mas sim a forma como ela se distribui e como ela se comporta. não podes obrigar as pessoas a comprar nacional estando dentro da UE pois nao? entao porquê estimular um incremento na produção como se isso tivesse obrigatoriamente um efeito na procura sobre a produção nacional? outra questão que tem a ver com a composiçao da procura: afinal o que produzir? o que é que as pessoas compram? quais as preferencias? porque é que se endividam? que comunicação está a ser feita que gera esse tipo de comportamentos? olha em teu redor e imagina por momentos que tudo aquilo desaparecia por dois dias. Outdoors, publicidades nas paragens de autocarro, media (internet, televisao, radio, etc.) folhetos, you name it. Imagina blackout e ausencia. e agora? os consumidores irão continuar os seus padroes de consumo? haverá alteração? porquê?
Ab. Carlos

Nuno Vaz da Silva disse...

Carlos, não sou de facto apologista do proteccionismo (embora o exemplo do "proteccionismo espanhol" seja digno de registo). Também não pretendo nesta ocasião discutir as elasticidades procura/preço ou mesmo divagar sobre os padrões de consumo. Afinal de contas, no espaço do meu pequeno artigo não dava margem para essa análise aprofundada. Aquilo que afirmo é que necessitamos de ter indústria e produção nacional para ambicionarmos fugir ao ciclo vicioso do déficit da balança comercial e com isso mudarmos a estratégia de desenvolvimento do país. Bem, "mudar" não é a palavra exacta porque não temos tido qualquer estratégia. Limitamo-nos a ser geridos ao sabor da conjuntura e dos ciclos eleitorais!

Carlos Alcobia disse...

Acho ser necessário uma discussão mais alargada. Alargada ao inserir agentes de diferentes áreas e componentes que nos ajudem a perceber afinal o que falha. Seja produção, seja consumo, défices, empreendedorismo, autoestradas, politica, etc. interessa expor estes desequilíbrios pois começa a haver uma audiencia critica. i.e. não concordo com metade do que o recente manifesto dos economistas aterrorizados diz mas é interessante saber que um dos principais veículos da sua disseminação está a ser precisamente o da sociologia e arte contemporanea. A minha intepretação é que acabou o modernismo e agora as pessoas procuram outras verdades simultâneas.

a ver se combinamos esse café Nuno, gostaria de saber mais da forma como pensas o contexto economico e politico.
abraço