A obra-prima do mestre não é necessariamente a mesma coisa que a prima do mestre-de-obras. A linguagem é algo maravilhoso, pois duas expressões que aparentemente poderiam significar o mesmo, querem dizer na verdade coisas bem diferentes.
Vem isto a propósito da confusão que eu tenho reparado na mente de muitas pessoas sobre o carácter de quem aproximadamente 25% dos eleitores portugueses escolheram. Muitos (demasiados mesmo) acreditaram que neste 2º mandato ele fosse mais interventivo, ainda para mais no período conturbado que atravessamos. Além disso, foi o próprio que disse que iria exercer uma “magistratura activa” (alvíssaras a quem me explicar o que é uma magistratura passiva). Quiçá imbuídos pelo espírito sebastianista, julgaram ver nele o agente que iria incentivar as mudanças de que o país tão necessita. Ora, uma pessoa que trabalha em prol da mudança pode ser considerado um reformador.
Como todos os factos até ao momento comprovam, não, ele não é nenhum reformador. Há que tirar o “r” do final. É mesmo só um reformado. E um reformado é por definição alguém que deixou de ter um papel activo no que ao trabalho diz respeito. Concluindo, Portugal precisa definitivamente de pessoas com carácter reformador e não de reformado. Até porque, com todo o respeito, para os reformados a vida actual decorre a uma velocidade muito maior que nem dá semanas suficientes para ponderar, reflectir ou planear com calma sobre os assuntos que vão surgindo.
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