quinta-feira, 17 de março de 2011

O erro de Sócrates


Ao abrir os jornais de hoje fomos surpreendidos por mais uma notícia sobre o TGV. Segundo o Diário Económico, “
o Governo tem uma nova versão para relançar a ponte do TGV”.
A ser verdade, trata-se de um enorme erro!
Não pelo facto de estudarmos este tipo de investimentos mas porque não estamos cientes da conjuntura económica do país. Não vou entrar na discussão sobre a utilidade de termos uma linha de TGV. Os estudos efectuados têm por base uma outra realidade económica e não sei até que ponto são baseados numa análise custo-beneficio correcta e isenta.
O que me preocupa é o timming destes anúncios:
Fará sentido divulgar este tipo de notícias para a comunicação social a menos de uma semana de termos uma pré-anunciada crise política e de eventualmente o leme do país poder mudar de mãos?
Fará algum sentido persistir na estratégia de obras públicas como forma de relançar a economia (a ser esse o objectivo), numa espécie de Keynesianismo do sec XXI, um dia depois do rating da República ter diminuído dois níveis?
Fará sentido, anunciar investimentos públicos megalómanos quando foi pedido um esforço aos contribuintes para ajudarem na redução do colossal deficit das contas publicas?
Fará ainda sentido persistir na teimosia do TGV quando estão previstas novas e penosas medidas de contenção para conseguir estabilizar as contas públicas e que sobrecarregam ainda mais as famílias e as empresas?
(…)
Penso que não! Não faz qualquer sentido! Este tipo de notícias aumenta a pressão sobre a economia nacional. Portugal apresenta-se nos mercados internacionais como país bipolar: Por um lado aumenta impostos, reduz salários e anuncia previsões de redução do deficit público. Por outro lado anuncia o TGV, congratula-se com vitórias obtidas à custa de medidas não aprovadas e radicaliza o discurso da crise em desespero pela situação a que o país chegou.
Dificilmente o PS ganhará as eleições e muito dificilmente teremos nos próximos anos um TGV. Mas este tipo de notícias são autênticos tiros nos pés de um país cujos governantes preferem levitar em vez de manterem os pés assentes na terra. Ou então, e mais grave ainda, na luta partidária vale tudo, mesmo deixar o país na ruína sempre que se perspectiva que serão os outros que terão de resolver o problema!

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