Numa época em que proliferam as notícias sobre relacionamentos obscuros em organizações maçónicas e em que os jornais e revistas sustentam as vendas com chamadas de primeira página com revelações de “segredos” das Maçonarias, espero que este artigo tenha a virtude de fazer também disparar os leitores do Dinamizar Portugal.
Contudo, não vou divulgar segredos sobre nenhuma maçonaria! Não os conheço nem tenho atracção por esse tipo de grupos. Li alguns artigos sobre o tema e, a ser verdade muito do que se escreve, estamos todos mais ou menos ligados aos maçons, considerando a sua penetração no espectro político português.
Para ser franco começo a ficar farto de ouvir falar de maçonarias e de mais um qualquer membro bem colocado na vida e que é da mesma loja maçónica de fulano ou beltrano. Como cidadão português, quero lá saber de que cor é o avental alheio! E é-me indiferente se esta ou aquela pessoa pertence ou pertenceu ao partido x, à maçonaria, ao opus dei, ao club bildeberg aos escuteiros, ao rotary, aos lions ou ao clube de fãs do pai da Fanny! Não é muito relevante caracterizar uma pessoa pela organização ou grupo a que pertence. Será que alguém é mais inteligente por ser maçon ou que é mais proactivo por ter sido escuteiro? Qual será a mais-valia para a sociedade de termos maçons no governo em detrimento de termos (por exemplo) sócios do Futebol Clube do Porto?
No entanto, em Portugal a história real é ligeiramente diferente. Embora todos falem no interesse público e no serviço ao país, a meritocracia parece ter ficado para um segundo plano face à organização ou grupo de interesse a que se pertence, o que representa uma corrupção disfarçada. Ao mesmo tempo, nem todos os cidadãos parecem gozar de igualdade judicial, o que pode significar não apenas corrupção mas também um gigantesco caso de polícia.
Assim, será que pertencer ao PS ou ao PSD é a melhor forma de progredir na vida do ponto de vista sócio-economico (como se diz na sociedade) ou será que passámos para um outro nível em que isso não basta por si e é necessário vestir um qualquer tipo de avental?
Este tipo de dúvidas levanta suspeições na sociedade que são perversas e que minam a confiança dos cidadãos. Não podem existir barreiras à entrada para determinadas funções ou cargos em que pessoas capacitadas e tecnicamente competentes são excluídas por não pertencerem a uma determinada corporação ou associação secreta. Ou vivemos em democracia…ou em oligocracia! Não pode é chamar-se democracia ao que parece não o ser!
Deveriam existir mecanismos de checks and balances que controlassem os abusos e que promovessem uma maior eficiência da política e da justiça. A ausência de responsabilização associada ao exercício do contraditório efectuado por membros da mesma corporação, deteriora a eficiência e a equidade das políticas governativas e da própria legislação. Julgo que os cidadãos portugueses não estão interessados em conhecer as motivações das ordens maçónicas nem as características de cada loja. Mas não atirem areia para os olhos quando as relações cruzadas e os interesses económicos são descobertos e as decisões políticas são construídas por quem delas se aproveita...embora sempre "de acordo com o interesse nacional"!
Interesse nacional? …Interesse nacional é colocar o dedo na ferida e falar daquilo que muitos preferem manter no silêncio!
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