quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Devíamos pedir uma indemnização aos políticos

Fomos hoje confrontados pela notícia do rompimento das negociações entre os dois maiores partidos da Assembleia sobre o Orçamento para 2011.
Isto quer dizer que os dois partidos se preocuparam mais em lutas de bastidores e jogadas de estratégia política do que com o “superior interesse nacional”, que todos apregoam mas que poucos defendem na prática. Não vou discutir qual dos partidos tem razão e qual dos dois obtém vantagens políticas desta história mas mais uma vez quem sofre são os portugueses.
Ainda assim, o PS pouco tem a perder com este rompimento de negociações. É o líder do jogo, está com uma posição confortável nas sondagens e tem interesse em pressionar o Presidente da República. Já o PSD só perde. Atrasou-se a anunciar uma viabilização através da abstenção, sem condições, e perdeu a janela de oportunidade de marcar uma posição forte junto do eleitorado (claro que o PS também se aproveitou disso).
Quanto aos restantes partidos, estão numa posição confortável. São meras forças de bloqueio que deixaram as posições difíceis para outros e, por isso, não têm nada a perder com esta situação.


Estamos mal com estes políticos! Enquanto brincam à estratégia e aos jogos partidários, há um país em suspenso para saber o que vai acontecer! Não estamos em época de brincadeiras e muito menos de percas de tempo.
Ninguém sabe bem o impacto deste rompimento mas os políticos, ou não sabem negociar, ou não definiram correctamente os objectivos da negociação. Há ainda uma terceira e mais preocupante hipótese: eles nunca quiseram negociar e tudo não passou de uma estratégia de marketing político para iludir os portugueses.
Independentemente da hipótese que seja a verdadeira, devíamos pedir-lhes uma indemnização. Não apenas aos dois maiores partidos mas inclusive aos restantes! Há que saber o que é realmente importante para o país! É que, se não conseguem encontrar objectivos comuns nesta época de crise (independentemente de quem a criou), mais vale abdicarem dos seus lugares, devolverem os ordenados e as pensões que os contribuintes lhes pagam e darem lugar a quem se preocupa realmente com estas questões!


PS: sugiro ainda várias contratações aos partidos politicos que ajudariam imenso nestas e em futuras negociações:

- PSD a contratação de um especialista em Ciência Politica (os últimos tempos não têm sido famosos nessa matéria)
- PS a contratação de um funcionário público da classe média com 3 filhos (que bebam leite com chocolate)
- CDS-PP angariação de caciques para aumentar os votos eleitorais
- PCP contratação de um astrólogo que irá prever onde o país vai parar daqui a 5 anos se não for feito nada
- PEV contratação de alguns ecologistas de direita (ou será que as causas ecologistas apenas podem ser defendidas por esquerdistas? Ou, o PEV é um eterno enclave blindado do PCP)
- BE contratação de um filósofo racional (não basta a um partido ficar-se pelos temas fracturantes) 

5 comentários:

José La Palice disse...

http://www.businessinsider.com/here-are-the-23-countries-most-likely-to-default-2010-7#9-portugal-15 .
Segundo este ranking, Portugal é o 9º país do mundo com maior probabilidade de falir, entalado entre Roménia e Letónia.
A culpa não é dos políticos irresponsáveis que temos, mas sim da população que vota neles (ou nem vota). Pior, com a resignação própria da cultura judaico-cristã, a maioria dos portugueses só encolhe os ombros e diz: "pois, o que fazer, é tudo uma bandidagem, mas é assim".
Por infinitamente bem menos, milhões em França vieram para as ruas. A Roménia está em polvorosa. E nós aqui, temos de assistir a pseudo-negociações partidárias sobre um documento vergonhoso tecnicamente, e a um indivíduo armado em campeão a perguntar retoricamente: "ah, e se não fosse eu ter estado aqui nestes últimos anos, como é que nós não estariamos??".
Como se Portugal estivesse numa situação sequer má. Medíocre é eufemismo para descrever o 3º país do Mundo com menor crescimento dos últimos 10 anos. Tão baixas expectativas estes políticos criminosos continuam a cravar na mente dos portugueses.

Sara Pimpão disse...

Olá aos dois,
Após ler o post e o respectivo comentário, tenho de fazer o seguinte reparo:
Ok, estou farta destes políticos, destes jogos partidários… e sinto-me atingida quando dizem que somos um país de resignados… também faço parte dele!
Agora questiono-vos: “Que vamos fazer?”
Espero que não se sintam atacados com a minha pergunta, mas de facto todos nós no nosso quotidiano dizemos que iremos fazer algo, mas ninguém faz nada: “somos um país de gente pacífica… só nos queixamos!”
Portanto, para além dos alertas que deixam no blog e das advertências à “não resignação”, vamos deixar de encolher os ombros e de pôr a culpa nos outros… dêem também sugestões do que podemos fazer!
Podem responder-me, então Sara, dá lá também uma sugestão: Vou ser sincera convosco: infelizmente não tenho! E não sei o que uma jovem como eu pode fazer para ajudar este país sem futuro… Irmos para a rua, será que resolve??? Hummmm… analisando a história… passámos de monarquia a república porque os monárquicos esbanjavam enquanto o povo passava fome… veio a república, fome já não há como havia, mas esbanjam na mesma e ainda por cima somos nós que os elegemos (não quero com isto dizer que defendo a monárquia, nada disso! Apenas uma constatação!). Houve o 25 de Abril, o “sector militar” estava a ser “atacado” com a ida dos militares para a Guerra do Ultramar… neste momento não podemos contar com esta “área”, está esquecida e muito bem esquecida… e não lhes dá jeito se lembrem deles… porque será!?
Posto isto, vamos deixar que esta gente egoísta continue???…
Como vêem estou confusa, quero fazer algo para ajudar o país, mas não sei bem o quê… como eu, acredito que existam milhares de portugueses com vontade de fazer algo… mas o quê? Vamos "dinamizar Portugal"... para além das constatações, dêem também ideias válidas, com perspectivas de acabarem com estes jogos políticos e que melhorarem o nosso país…. estou convosco!!!!

Nuno Vaz da Silva disse...

La palice, esse ranking so prova que estamos mal, muito pior do que o zé povinho imagina!
Olá Sara! Obrigado pelo comentário e pela pergunta (construtivamente)provocatória e realista.
A resposta não é simples e não sou adepto das formas de expressão a que assistimos noutros países. No entanto, também tenho a certeza que ficar em silencio e imóvel não é uma opção válida. Este blog foi criado com o objectivo de marcar essa posição. É certo que, não sendo de cariz partidário, temos pouca capacidade de influenciar as medidas e as decisões. Mas não será o acatamento silencioso um dos grandes males dos portugueses? É que esse é um comportamento viciante e que é premiado pelos partidos. E basta ver que as poucas pessoas que têm um pensamento isento dentro dos partidos, são rapidamente exportados para não afectarem o status quo dos seus camaradas.
O Dinamizar Portugal não tem a varinha de condão mas temos outra qualidade. Temos a consciência que precisamos de denunciar, de criticar, de propor alternativas e de preparar o futuro.
Se não for a nossa geração, com alguma irreverência a fazer mossa, dificilmente o país sairá desta cepa torta.

E pegando na pergunta, podemos pelo menos não dar o nosso voto aos politicos que nos enganam e que andam a brincar conosco. Podemos enviar emails aos partidos e expressar a nossa opinião. Podemos escrever ao presidente da república. Podemos escrever num blog que teve 1000 leitores no primeiro mês de actividade e que falarão destas coisas com a familia e no emprego e podemos escrever artigos para jornais. Precisamos de passar a mensagem que não queremos e não aceitamos este tipo de politica.
Podes dizer que isso nada resolve (embora eu, por ex. já tenha efectuado pessoalmente todas essas coisas)mas se forem milhares de pessoas a dizer a mesma coisa, os politicos vão sentir que está em causa o seu ordenado e aí mudará alguma coisa.
Mas lançando a provocação para ti (e espero tb que não me leves a mal), não achas que o país está também mal porque muitas pessoas estão descontentes mas preferem não fazer nada porque não sabem ou simplesmente não querem perder tempo a fazer alguma coisa?

José La Palice disse...

Sara, o Nuno explicou e concordo em absoluto com o que nós pretendemos fazer neste blog. Alertar as consciências.
Ir para as ruas em protesto contra toda esta indecisão sem dúvida que era uma acção a tomar.
Mas mais importante que isso é que as pessoas votem, não se abstenham só porque dá jeito fazer um fim de semana prolongado (ou argumentos afins). E que votem em consciência, que saibam porque votaram naquela pessoa/partido.
Mas claro, tudo isto parte das expectativas e valores das pessoas.
Em todo o caso, acho que uma medida para isto (uma vez que a abstenção pulula) era tornar o voto obrigatório, e que fosse possível de votar em qualquer freguesia de Portugal. Nos tempos actuais, há tecnologia mais que suficiente para que isto seja exequível.

Sara Pimpão disse...

José,
Quero que fique claro que não estou contra o vosso blog, antes pelo contrário, acho que o país necessita de pessoas como vocês... o meu comentário foi no sentido de vos aconselhar a não ficarem apenas pelo "alerta das consciências", pois blogs de "alertas" há muitos e comentadores políticos também. Torna-se cansativo ler mais do mesmo...
Não fiquem pelo grupo de amigos que têm umas ideias giras e com lógica... avancem noutros sentidos, pois parece-me que têm potencial para mais! ;)