domingo, 2 de janeiro de 2011

Entrada e saída...

Este Blog chama-se Dinamizar Portugal. Um bom nome, sobretudo porque a palavra dinamizar soa sempre bem. Porreiro pá, dinamizar é bom! E como é a primeira vez que escrevo neste blog resolvi escrever sobre dinâmicas. Mas atenção... dinâmicas há das boas e das más... e eu resolvi escrever sobre uma dinâmica que na minha opinião corre mal por cá. A dinâmica de criação e destruição de empresas.
E que dinâmica é esta? A palavra dinâmica implica movimento. E a dinâmica de criação e destruição de empresas tem que ver com a entrada e saída de empresas. Todos os meses estes movimentos ocorrem... Há empresas que se criam e portanto entram no mercado e empresas que saiem do mercado e iniciam o processo de falência... morrem! E é bom que haja empresas que morrem, porque uma empresa só morre quando não gera lucros, e uma empresa que não gera lucros é uma empresa pouco produtiva...
Se queremos que a produtividade em Portugal aumente, é necessário que a entrada e saída de empresas em Portugal seja eficaz... Eficaz em que sentido? Para que estas entradas e saídas sejam eficazes é necessário que empresas que são pouco produtivas abandonem o mercado e libertem recursos para uma melhor utilização. A dinâmica de criação e destruição de empresas em Portugal decorre mal porque há demasiadas empresas pouco produtivas e que, apesar disso, não abandonam o mercado.
E como é que isso é possível? Como é que empresas pouco produtivas não abandonam o mercado? O motivo é simples. A estrutura do mercado de trabalho e as regras do jogo permitem que empresas pouco produtivas gerem lucros suficientes para sobreviver... E porquê? Por exemplo, porque muitas pequenas empresas cuja produtividade nunca crescerá contratam trabalhadores precários, os famosos falsos recibos verdes.
Sim, não sabia? Há muitos casos em que são passados recibos verdes quando o “prestador de serviços” deveria justamente usufruir de um contrato de trabalho, com todos os deveres e regalias próprios deste. E uma empresa pouco produtiva não consegue oferecer um contrato de trabalho como deve ser... e portanto deveria desaparecer. Mas há tantas pequenas empresas que não desaparecem porque as regras do jogo permitem a existência de falsos recibos verdes. Estas empresas fazem portanto concorrência desleal a outras empresas mais produtivas que respeitam as regras do contrato de trabalho.
A dinâmica de criação e destruição de empresas corre mal em Portugal porque há muitas empresas pouco produtivas que deveriam desaparecer mas que sobrevivem devido às estranhas e desleais regras de jogo. Se essas empresas fechassem e abrissem espaço a outras empresas mais produtivas podem crer que a produtividade aumentava em Portugal. Ah..., e os salários também aumentavam, claro está!
Paulo S. Monteiro
smont.paulo@gmail.com (comentários bem vindos)

4 comentários:

Nuno Vaz da Silva disse...

Paulo, bem vindo! Faço votos que seja o primeiro de muitos artigos!
Concordo contigo mas não sei até que ponto poderiamos ter um mecanismo de ajustamento que levaria ao aumento de salários (nem qual seria o periodo desse ajustamento). Pior do que isso é constatar que o aumento de impostos representa também uma barreira psocológica à entrada que impossibilita a existência de um choque empresarial (e de produtividade) em Portugal. A única solução (no curto prazo) seria apoiar os desempregados e deixar morrer as empresas ineficientes. De qualquer forma, isso seria também um incentivo perverso à não produtividade...

José La Palice disse...

Admito que me causa confusão ler que se "uma empresa pouco produtiva não consegue oferecer um contrato de trabalho como deve ser... e portanto deveria desaparecer.". Percebo a ideia, mas discordo da maneira como é exposta. Até porque se sabe que os maiores abusadores dos recibos verdes são o Estado. Só na administração central no 1º semestre de 2010 existiam 4860 avençados a recibos verdes. Portanto, poder-se-á concluir que o Estado também devia desaparecer. Pouco produtivo é de certeza.
Acho que será útil aprofundar as razões porque a grande maioria das empresas portuguesas não são produtivas, do que somente pensar que se uma coisa não dá lucro então que se feche e venha outro.
Legislação laboral hiper-rígida, quase total ausência de um sistema de justiça, desrespeito absoluto dos prazos de pagamento (a começar pelo Estado), excesso de burocracia, ausência de fiscalização e regulação eficaz, etc etc etc...são apenas alguns dos factores na origem da falta de produtividade. Os recibos verdes são apenas um subterfúgio para escapar a uma legislação laboral completamente obsoleta e insana.

Diogo disse...

Correcção: saem não leva "i".

De resto, parabéns pelo blog em geral!

João Aguiar disse...

Sei que vou um pouco tarde no comentário mas não podia deixar o meu amigo paulo sem resposta. Atenção que é preciso encontrar as razões pelas quais tantas empresas recorrem aos falsos recibos verdes. E na minha opinião,coerente com a do José La Palice, a culpa é em grande medida da legislação laboral hiper-rígida que dificulta ao máximo o despedimento. Em Portugal, o emprego para a vida é visto como um direito adquirido. Este é um dos grandes problemas do país com consequências dramáticas sobretudo no sector público. Enquanto as empresas não forem capazes de adaptarem o seu Capital Humano aos ciclos económicos nunca conseguiremos privilegiar o mérito, optimizar a utilização de recursos humanos, empregar os jovens com formação superior.
Muitos dos falsos recibos verdes permitem às empresas ganhar a flexibilidade que não lhes é permitida pela legislação. Sou contra a existência destes falsos prestadores de serviços, mas antes de os eliminar é necessário DINAMIZAR o mercado de trabalho.