terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Há notas de imprensa verdadeiramente espectaculares!

Quando falamos de mercados e dos efeitos desses “monstros da economia” no nosso quotidiano, importa saber como funcionam e a que dados prestam atenção.
Se alguém pensa que bastam umas quantas notas de imprensa especulativas para atenuar os efeitos desses mercados na nossa economia, está muito enganado! Quem imagina que atacar os mercados seria uma boa política de defesa está mais enganado ainda!
Essas entidades abstractas que representam o conjunto dos agentes económicos que analisam e intervêm numa economia, seja a comprar ou vender divida pública, hortaliças ou ouro, prestam atenção aos dados concretos. Não enveredam em politiquices nem em divagações demagógicas. Mas dão seguramente muita atenção aos comunicados, às notas de imprensa e às palavras dos governantes.
Fazem-no pelo que se diz (e pelo que não se diz) nessas intervenções? Seguramente que sim! Mas é principalmente pela correspondência dessas afirmações com a verdade (ou a mentira) dos factos que estão interessados na divulgação de conteúdos! Quando alguém começa a publicar informações meramente politicas, vazias de conteúdo, e por vezes enganadoras, o impacto que têm nos mercados, só pode ser mau e com propensão a ser pior (afinal de contas, todos temos tendência a desconfiar mais de quem já anteriormente nos mentiu do que de quem nunca o fez).
Daqui se conclui que, principalmente em tempos de crise, é fundamental que os governantes sejam credíveis e falem verdade para defender o interesse do país. Dado que pago impostos, espero que isso aconteça!
No entanto, por vezes leio coisas, que não interessam seguramente à maioria dos portugueses, mas às quais os mercados estão muito atentos! Um desses exemplos pode ser consultado na página do governo! Tem como título: "2010 teve melhores resultados económicos e orçamentais que o previsto"
Vou optar por não me referir directamente a esta notícia! Quero acreditar que o governo teria boa intenção em publicar este artigo mas, numa época de dificuldades e falta de recursos financeiros, penso que seria aconselhável tomar três precauções:
- Restringir a informação divulgada ao essencial, colocando de parte a publicidade;
- Evitar notas de imprensa que revelam satisfação com défices de 7.3% e outros números de arrepiar;
- Divulgar os bons números ao mesmo tempo dos maus números, evitando surpresas desagradáveis aos analistas financeiros;
Os mercados podem ser mais nossos amigos do que inimigos e devemos considerá-los como tal. Já na nossa governação, encontramos muita gente a querer ajudar e que só nos prejudica (teríamos muito a ganhar se optassem por um blackout temporário).
Dá vontade de exclamar que há certas coisas que não se dizem e muitas mais que não deviam ser escritas!


1 comentário:

José La Palice disse...

De facto o júbilo com que números catastróficos são apresentados é patologicamente doentio.
Falta naquele comunicado a satisfação pela despesa acumulada do sub-sector estado ter aumentado 1,7% (ao invés dos 2,3% de crescimento previsto) em 2010...
Amanhã, 4ª feira, já se verá a avaliação dos investidores ao optimismo dos dois estarolas e a "folga" que existe.