terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uma escolha embaraçante

Por vezes em processos de recrutamento existem testes onde se pede para imaginar uma situação de catástrofe e onde se tem que escolher que pessoas levar para um abrigo nuclear. Para dificultar a coisa, as opções incluem só boa gente como um padre pedófilo, um violador, uma prostituta assassina, uma vigarista de velhotes, um gay toxicodependente cleptomaníaco, etc. Nestas circunstâncias, o desgraçado do candidato a emprego lá tem de inventar uma treta qualquer para justificar a escolha sobre que escumalha levar para o abrigo.

Com as devidas diferenças, estas eleições lembram-me este teste. Mas ao contrário do teste onde se tinha de escolher um (ou vários), nestas eleições é possível mandá-los todos às malvas votando em branco. À sua maneira, todos eles têm um lado negro (ou vários) que deveria impedir qualquer português mentalmente saudável de votar em qualquer deles. Ou porque são candidatos do regime, reformados, sem visão e sem vontade de mudança de coisa alguma. Ou porque são candidatos de protesto, mais ou menos extemporâneos e sem possibilidade de liderarem.

Pedir a um votante para escolher alguém deste belo ramalhete, é uma tarefa deveras dolorosa. É lugar comum que a enorme maioria irá decidir com base no processo de escolha do mal menor. Mas essa lógica só nos tem levado a derrotas atrás de derrotas. Tal como num jogo de poker, por vezes é melhor mandar as cartas todas fora e pedir novas para ter alguma esperança de ganhar.   

2 comentários:

Nuno Vaz da Silva disse...

Até acredito que muitos portugueses também pensem assim. Eu próprio tenho uma opinião parecida. Mas não nos podemos iludir sobre o voto em branco: Por muitos que adoptemos essa atitude, haverá um dentro dos 6 que será eleito. Assim, deveremos votar no mal menor (e engolir um certo sapo) ou devemos "arriscar" votar em branco segundo a nossa consciência(o que pode motivar a existência de uma penosa segunda volta)?
Devo admitir que eu próprio ainda não me decidi...

José La Palice disse...

Acho que uma adesão maciça ao voto em branco na 1ª volta seria bastante salutar à nossa democracia.
Sabes bem que não será um dos 6 a ser eleito. Será um dos dois. E são sapos grandes demais para engolir logo na 1ª volta (é necessário mais tempo para mentalização acerca da deglutição de um destes batráquios). Como dizia o outro, não há necessidade.