sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ensaio sobre a cegueira


Sem querer entrar em pormenores sobre o teor da entrevista dada a’ RTP1, que assisti na expectativa de perceber os porquês das decisões do governo relativamente ao novo pacote de austeridade, devo dizer que daquela entrevista que valeu Zero, o que mais saltou a’ vista foi uma atitude arrogante de um desconhecedor da sociedade em que vive e se tenta inserir, incapaz de justificar as suas decisões;  personagem que para alem de dar provas de não saber do que fala, não gosta que lhe chamem a atenção porque “ele decide pela sua cabeça”.

A isto, junta-se ainda uma atitude pouco inteligente do Sr. PM ao recursar-se sair da sua residência oficial para se deslocar aos estúdios da RTP para a tão ‘dura’ entrevista. Ao que parece, para este Sr. pouco importa que o pais esteja em crise e que o povo esteja a fazer sacrifícios! Afinal, foram só mais uns milhares para trazer a RTP ao Palácio onde vive, ainda que gastos desnecessariamente e em altura de contenção. Para mim, ‘e esta atitude desgovernada que e’ preocupante! Entao Sr. Primeiro Ministro, o Sr. não tem vergonha de, perante os sacrifícios que pede aos portugueses, se dar a estes luxos? Não ‘e você o Primeiro? Ou ‘e só Primeiro para o que lhe da jeito? Devia também ser o Primeiro a dar o exemplo! Para acertar as contas publicas o esforço deveria começar justamente pelos primeiros. Já que anda numa de ditadura, faca como o Salazar que punha o que não gastava do seu ordenado nos cofres do estado! Se você, os 230 parlamentares da Assembleia da Republica, os 29 boys acessores/adjuntos de Ministérios com vencimentos mensais brutos entre os 4069€ e 5069€, e todos os outros que já por lá passaram e tem hoje reformas vitalícias dessem o exemplo, já era um bom começo! E’ que, caso não saiba, os portugueses que estão a pagar esta crise, são também os mesmos que lhe pagam as mordomias que usufrui ou esqueceu-se disso?

Ao que parece, no seu modelo democrático uns são obrigados a pagar e outros nao! Uns tem direito a’ palavra, outros não! Uns mandam e outros obedecem! Porque ‘e que não ouve os outros partidos, as empresas, o povo? Anda a fazer ensaios e? Ensaios a cegueira dos portugueses!

Mas olhe que nesta altura do campeonato, quem parece que esta cego ‘e o governo! Então o Sr. acha mesmo que os Portugueses continuam a acreditar nas lengalengas que tem vindo a contar desde que tomou posse? Uma ‘e a lengalenga da culpa! A de que o governo anterior ‘e que ‘e o culpado! A culpa, a culpa!! Mas você acha mesmo que os portugueses estão preocupados em saber de quem ‘e culpa? Os portugueses estão preocupados em saber como ‘e que vamos sair desta crise de uma forma justa para todos.

A outra lengalenga ‘e a da austeridade: sim austeridade, todos sabemos que na situação em que o pais se encontra ‘e necessária austeridade; e tanto sabemos que temos vindo a cumprir com ela desde que a troika cá entrou. Mas o problema não ‘e a austeridade, mas sim a forma como essa austeridade esta a ser exigida aos portugueses! Há varias maneiras de gerir a divida e o cumprimento da divida, ou ainda não percebeu que não podem ser os mais pobres e mais desfavorecidos a carregar tamanha cruz as costas?

Aumento exponencial do desemprego, pobreza e desigualdades sociais – isto ‘e resultado de uma austeridade pesada e impossível de suportar sobre os mais desfavorecidos.

Parece que este governo ainda não percebeu que representa um povo que não conhece e que não quer conhecer, um povo que não quer defender nem proteger, um povo que não lhe interessa! Esse povo somos todos nos! Somos tomos os portugueses que merecem um pingo de respeito por quem fomos, por quem somos, e por quem queremos ser!

E’ natural e sabido, que pessoas desfasadas da realidade de um pais não conseguem propor soluções capazes de resolver os problemas reais da sociedade em que vivem.
Porque ‘e que não faz como o Che Guevara, pegue numa moto e ponha-se a’ estrada para ver com os seus próprios olhos, experienciar e viver como vive o povo português! E’ que os seus amigos dos iates, e das grandes empresas e dos fartos jantares, que teme em favorecer nas suas politicas, não são de todo representativo do comum português!

Pois eu aconselhava-o a ir fazer os seus ensaios a’ cegueira nas empresas dos seus amigos, e que deixasse o pais crescer, desenvolver-se, evoluir e dar oportunidades a quem trabalha e a quem quer trabalhar! Não nos venha agora pedir para ficarmos aqui de braços cruzados a olhar para uma economia quebrada que mais cedo ou mais tarde levara a uma sociedade quebrada resultado de desigualdades sociais.

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