sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Neuroeconomia #1


Será o comportamento dos jovens tão diferente do dos adultos na tomada de uma decisão económica?
Suponha-se uma transacção simples em que temos um jovem A que quer vender um determinado bem, como por exemplo um livro, a um jovem B. O problema em causa é: quanto dinheiro está o jovem A disposto a aceitar pela venda do livro e quanto dinheiro está o jovem B disposto a pagar pela compra do livro.
Na situação descrita acima parece óbvio que o jovem A valoriza mais o livro e estará disposto a aceitar um preço maior do que o jovem B estará disposto a pagar por esse mesmo livro.
Suponha-se ainda que estes dois jovens são estudantes universitários, recebem uma mesada dos pais, não pagam impostos, não têm de pagar a renda da casa, entre outras despesas que estão afectas apenas aos adultos. Estas condições alteram de alguma forma a decisão de compra e venda do livro?
Têm sido efectuados alguns estudos que comprovam que o comportamento económico numa situação como esta é semelhante entre jovens e adultos. A experiência dos adultos, mesmo aqueles que a detêm ao nível da negociação, leva-os a uma disponibilidade muito maior em aceitar do que pagar por um determinado bem.
A questão aqui presente prende-se com o efeito de dotação, que refere que a disponibilidade de uma pessoa em aceitar compensação por um bem é maior que a sua disponibilidade para pagar esse mesmo bem, a partir do momento em que o detém. O efeito de dotação pressupõe que valorizamos mais os bens que detemos do que bens idênticos que não estão sob a nossa propriedade. Assim, quem compra um bem estará sempre disposto a pagar menos por ele do que quem o vende.
Claro que esta teoria coloca em causa o princípio da economia tradicional que nos diz que a valorização de um bem não deve ser afectada pela propriedade desse mesmo bem, assumindo que o bem detém o mesmo valor antes e depois de ser comprado.
Em termos de comportamento económico, e no que se refere ao efeito de dotação, podemos concluir que a experiência não diferencia a tomada de uma decisão de compra e venda entre jovens e adultos.

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