domingo, 23 de setembro de 2012

Um gráfico interessante sobre a TSU e algumas ideias...


Dado os diversos posts recentes no nosso Blog, não consigo resistir e tenho que partilhar este gráfico proveniente do WSJ que, já agora, nos oferece um interessante artigo sobre a polémica TSU.  

Analisemos os dados. Para evitar confusões, comparar com os EUA não vale, dada as óbvias diferenças relativas aos sistemas de saúde na Europa e no outro lado do Atlântico. 

É curioso verificar que nesta lista de países, os 3 países onde a TSU global é mais baixa são exactamente aqueles em que as troikas intervieram. Continuo convencido que os países da zona euro mais vulneráveis às crises de dívida soberana, são aqueles cuja capacidade fiscal é menor. Acho que a conclusão do Carlos é a mesma. Não sei quais os determinantes desta capacidade fiscal, mas acho que a produtividade é um dos principais factores.

Noentanto, aumentar a incidência da TSU sobre os trabalhadores em 7 pontos percentuais, representaria uma enorme perda de rendimento para as famílias. Já sei que a incidência legal e a incidência económica não são a mesma coisa, mas num mundo de salários nominais rígidos, é difícil imaginar que as famílias não sofreriam um tremendo abalo. 

Também tenho dificuldades em compreender por que motivo a transferência da incidência legal da TSU  das empresas para os trabalhadores deveria ter um impacto significativo sobre o emprego. Admitindo que os salários são efetivamente rígidos e que portanto os custos do trabalho diminuiriam de facto, acho que o impacto negativo sobre a procura interna teria provavelmente um impacto muito mais directo. Para mais, se é certo que os salários são rígidos, é inevitavel imaginar que a instabilidade em termos de concertação social obrigaria as empresas a absorver parte da transferência legal da incidência da TSU. A transferência económica seria portanto menor. Finalmente, entendo que haja um eventual efeito positivo na procura de trabalho. Mas não serão os desincentivos do lado da oferta muito mais importantes. Parece-me absurdo imaginar que um aumento de impostos aumente o emprego... até no mundo dos DSGEs! Felizmente, parece-me que assistimos a uma "U turn" em relação a esta medida.  

Finalmente, reparem que uma incidência da TSU sobre as empresas de 20.85% não impediu a Alemanha de obter um tremendo crescimento do emprego nos últimos anos. É que a final de contas, não há nada mais eficaz que um vigoroso crescimento da produtividade para aumentar o emprego!

1 comentário:

Carlos Madeira disse...

Oi Paulo,

Sim, a Alemanha nao reduziu a TSU. Mas teve crescimentos nominais dos salarios relativamente controlados.

Claro, o crescimento da produtividade seria a alternativa melhor e mais saudavel. Infelizmente, creio que também é a mais dificil de implementar a curto prazo.