sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Estatísticas na Uniao Europeia e o Dilema dos Prisioneiros

Em relacao aos comentarios feitos pelo Joao e pelo José Lapalice gostaria de adicionar que realmente existe todo um ramo de estudos nesta área de transparencia das empresas e dos problemas que revela. Esta foi uma área comecada pelo Michael Jensen em 1976 e é actualmente a área de Economia com melhores salários nos EUA, uma vez que todos sabem que isto tem o potencial de melhorar imenso Governos e Empresas. O Jensen explicou como é dificil controlar os gestores. Nao se pode escrever algo como "tu vais ser honesto, trabalhador, e beneficiar os accionistas (ou eleitores)", logo na prática as formas de controle dos gestores (incluindo os políticos ou gestores públicos) têm de ser mais subtis. O Jean Tirole também escreveu trabalhos excelentes no tópico nos ultimos 30 anos, aplicando Teoria de Jogos e Teoria de Agentes a bancos para explicar como estes têm incentivos para correr mais riscos do que dizem. Eu encontrei um bom resumo dos trabalhos teóricos e empiricos da área aqui:

http://www.kantakji.com/fiqh/Files/Companies/w113.pdf

Mas já agora eu ia dizer que a Uniao Europeia inventou um esquema excelente para prevenir fraudes de contas e usa o "Dilema do Prisioneiro" dos modelos académicos à vida prática. Todos os anos o INE e oTribunal de Contas de cada país sao visitados pelos seus equivalentes de outro Estado membro na rede EuroStat (escolhido por sorteio), que tem de estudar todo o seu funcionamento e ver se aplica as normas europeias, incluindo o sistema informático, a independencia dos trabalhadores, tudo.

Isto cria incentivos fortes para o INE e Tribunal de Contas de cada país melhorarem, porque sabem que vao receber avaliacoes. E podemos pensar porque nao haveria o país visitante simplesmente escrever que nao se passa nada e está tudo em ordem? Bem, aqui vem a Teoria de Jogos. Suponhamos que Portugal diz à Espanha "esquece lá, nao se passa nada". Bem existe o problema de que é outro país que está a avaliar a Espanha este ano e Portugal nao se pode comprometer a retribuir o favor. Além disso, existe outra desvantagem. Imaginem que no próximo ano sai por sorteio um país sério e menos amigo dos portugueses incompetentes, como a Alemanha? Bem, nesse caso a Alemanha poderia escrever no relatório que Portugal era incompetente e a Espanha ao avaliar tinha sido incompetente também!

Ou seja, o esquema tem incentivos para que tanto os países avaliados como os avaliadores sejam mais competentes nas suas actividades. Este foi um esquema que começou em 2005 e penso que é excelente. Foi assim que a Grécia foi apanhada nas suas trapalhadas de contas, por exemplo.

Já agora eu deixo aqui a minha aposta para Nobel de Economia: Michael Jensen e Jean Tirole.

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